Fator primordial no planejamento das escolas de samba visando o
desfile oficial, os ensaios técnicos representam, além da possibilidade
de treinar no campo de jogo, um alto custo para as agremiações, que
precisam investir em transporte para a comunidade, o traslado dos
instrumentos da bateria, camisas, além de alimentação. A reportagem do CARNAVALESCO
ouviu diretores de carnaval, que confirmaram que em tempos de crise, a
saída para não deixar de ensaiar é a busca por parcerias para reduzir
custos. O diretor de carnaval da Grande Rio, Ricardo Fernandes, explica
que a confecção das camisas é onde as agremiações mais conseguem apoio. -
É um custo relativamente pequeno para as empresas, já que cada camisa
sai por R$ 12. E é um espaço muito interessante de visibilidade -
esclarece Ricardo.
De acordo com o diretor de carnaval da Beija-Flor, Laíla, é
importante lutar para que toda a comunidade compareça na avenida no dia
do ensaio. - Para algumas escolas é bem complicado. Mas eu brigo para
que todo o meu povo compareça e dou prioridade a quem vai de fato
desfilar. O ensaio técnico para mim é na minha quadra, mas é importante
participar na Sapucaí - revela.
Wagner Araújo, diretor de carnaval da Imperatriz Leopoldinense,
esclarece que os gastos variam de acordo com o que cada escola tem
necessidade. - Isso vai depender do que se pretende. Existe o gasto
natural com transporte, camisas, alimentação e infraestrutura. Mas
algumas escolas optam por levar gente fantasiada, mini alegorias, tudo
isso significa gasto a mais - explica.
Junior Schall, diretor de carnaval da Mangueira, pondera que não se
gasta pouco para ensaiar na Sapucaí. - Não está em cogitação deixar de
realizar nosso treinamento na avenida, entretanto, não se fala em menos
de R$ 80 mil para colocar uma escola na Sapucaí para ensaiar. A saída
sempre está na criatividade e nas parcerias - ressalta o diretor de
carnaval da Mangueira.
Mesmo com custos, agremiações pedem mais ensaios
Surgidos no início dos anos 2000 os ensaios técnicos entraram para o
calendário oficial da cidade. Até 2012 as escolas ensaiavam mais de uma
vez (em alguns anos chegou-se a três por escola) e a sexta-feira era
utilizada. Entretanto com as obras de infraestrutura na região do
Sambódromo, a Liga reduziu a um ensaio por escola, a partir de 2013.
Mesmo diante de uma crise financeira e com as dificuldades já
apresentadas, algumas escolas gostariam de voltar a ensaiar mais vezes
na avenida. Ricardo Fernandes afirma que entende as necessidades da
cidade, mas faz um apelo. - Gostaria de ensaiar mais vezes. O ensaio
técnico cria uma atmosfera boa, é uma atração para a cidade. Poderia
voltar mais de um ensaio por escola - pede.
Rômulo Ramos, diretor de carnaval da Mocidade, é outro que solicita
mais ensaios. - Gostaria de ensaiar no mínimo duas vezes. Você tem que
avaliar o que errou antes do dia D. O Sambódromo é o campo de jogo. Às
vezes não dá para corrigir para o desfile, seria necessário um segundo
ensaio - ressalta Rômulo.
Dudu Azevedo, diretor de carnaval do Salgueiro, revela a importância
de ensaiar onde vai desfilar. - Representa mostrar para o povo que
ensaia que nossa cobrança está no caminho certo. O grande treinamento
final, o treino coletivo pro jogo. Quando chegamos no ensaio técnico as
pessoas percebem que toda cobrança era necessária. Se soltam, cantam e
brincam - explica Dudu.
FONTE: CARNAVALESCO
Nenhum comentário:
Postar um comentário