Enredo mostrou as belezas e a cultura da Guiné Equatorial.
Apoio do país africano, que vive uma ditadura, gerou polêmica. Do G1 Rio
A Beija-Flor de Nilópolis,
com seu enredo de exaltação da cultura e da alma africana, venceu o
carnaval carioca, superando a polêmica do apoio recebido da Guiné
Equatorial – país que vive sob ditadura e que foi homenageado no
desfile. Terceira escola a entrar na Sapucaí na segunda-feira (16),
segunda noite do Grupo Especial do Rio, a azul-e-branca da Baixada
Fluminense conquistou nesta quarta-feira (18) seu 13º título, com apenas
um décimo perdido na apuração.
(O G1 acompanhou ao vivo a cobertura da apuração das escolas de samba do Grupo Especial do Rio. Veja aqui)
"Sentimento é de dever cumprido", comemorou o intérprete Neguinho da Beija-Flor, chorando muito.
Na quadra lotada, com gritos de "A campeã voltou" (veja no vídeo abaixo),
a torcida comemorou o título que não era conquistado desde 2011. Os
outros campeonatos vencidos foram em 1763 ,1977, 1978, 1980, 1983, 1998,
2003, 2004 , 2005, 2007 e 2008.
Laíla,
diretor da comissão de carnaval a Beija-Flor, desabafou, aos prantos: “
A gente está sempre buscando fazer o melhor para a escola de samba. Eu
amo a minha escola, mas o enredo foi tão questionado, até mesmo dentro
da escola. Me questionaram muito”.
Seis
escolas voltam à Sapucaí neste sábado, a partir das 21h30, para o
Desfile das Campeãs. A ordem é inversa à da colocação. A sexta colocada,
Imperatriz, abre a festa, seguida de Portela (5ª), Unidos da Tijuca
(4ª), Grande Rio (3ª) e Salgueiro (2ª), fechando com a campeã
Beija-Flor.
O desfile
A escola mostrou o enredo: "Um Griô conta a história: um olhar sobre a África e o despontar da Guiné Equatorial. Caminhemos sobre a trilha de nossa felicidade". A exaltação da cultura e da alma africana já havia dado à escola azul e branca da Baixada Fluminense vários campeonatos, que no total faturou 12 títulos no carnaval carioca.
A escola mostrou o enredo: "Um Griô conta a história: um olhar sobre a África e o despontar da Guiné Equatorial. Caminhemos sobre a trilha de nossa felicidade". A exaltação da cultura e da alma africana já havia dado à escola azul e branca da Baixada Fluminense vários campeonatos, que no total faturou 12 títulos no carnaval carioca.
Em
2015, a Beija-Flor voltou a abusar do luxo e da tradição. Foram poucas
as inovações ou os recursos tecnológicos. A aposta maior foi na
perfeição técnica e na empolgação dos integrantes, que na avenida
esqueceram o sétimo lugar de 2014 para voltar a sonhar com um posto mais
alto.
A
voz única e marcante de Neguinho da Beija-Flor, que completa 40 anos de
escola, fez do samba-enredo o ponto alto e manteve a empolgação dos
3.700 componentes, distribuídos em 42 alas, sete carros e um tripé.
Homenagem polêmica
A Beija-Flor recebeu patrocínio da Guiné Equatorial, o país africano homenageado no enredo, que é uma ditadura comandada há 35 anos por Teodoro Obiang Nguema Mbasogo e tem como base da economia a exploração do petróleo. O patrocínio gerou muita polêmica.
O presidente da Beija-Flor, Farid Abraão, negou que o governo da Guiné Equatorial tivesse investido R$ 10 milhões no carnaval da escola, mas admitiu ter recebido contribuição, sem, no entanto, informar o valor.
"A
gente pegou um enredo para falar de um país africano, um país que até
então muita gente não conhecia. Nossa questão aqui é carnaval. O regime
não nos compete. Cuba era odiado pelo mundo democrático e hoje está
sendo abraçado", disse Farid, em Entrevista ao G1.
Representantes da Guiné Equatorial acompanharam o desfile de um dos camarotes.
Desfile afro colorido
Mas na hora do desfile da Beija-Flor, a política foi deixada de lado e o foco foi dirigido para as belezas e a cultura do país. O desfile teve alegorias e fantasias impactantes e rebuscadas, com uma profusão de máscaras, carrancas, búzios, plumas, palha e sisal.
A
comissão de frente veio sem elementos cenográficos. Munidos de lanças e
escudos, os bailarinos fantasiados de guerreiros formavam uma árvore na
avenida. Em formato de máscaras, os escudos causaram impacto ao trazer
movimentos de expressões faciais, comandados por controle remoto.
À
frente do abre-alas, um tripé trouxe uma escultura da imagem do diretor
de carnaval na figura de um griô, velho sábio que conta as histórias
antigas aos mais jovens.
O
azul e o branco, cores da escola, apareceram somente o início do
desfile. Para mostrar a Guiné Equatorial ao público, predominou o verde
das florestas e da ceiba, conhecida como a "árvore da vida", um dos
símbolos da África Ocidental.
O
Sambódromo então foi tomado por uma explosão de cores para retratar
ritos, costumes e roupas usadas pelos habitantes do pequeno país
africano ainda hoje.
As
investidas dos explodores europeus também foram lembradas, assim como o
tráfico de escravos. Um carro com cacau, diamante e petróleo exaltou as
riquezas do país.
Encerrando
o desfile, a mistura dos povos e a celebração da formação da nação
brasileira e o enlace entre o Brasil e a Guiné Equatorial.
Claudinho e Selmynha: 20 anos
Claudinho e Selmynha, casal de mestre-sala e porta-bandeira símbolo da escola, comemoraram 20 anos de Beija-Flor.
Claudinho e Selmynha, casal de mestre-sala e porta-bandeira símbolo da escola, comemoraram 20 anos de Beija-Flor.
A rainha Raíssa Oliveira veio mais uma vez absoluta à frente dos 270 ritmistas da bateria dos mestres Plínio e Rodney.
Cláudia Raia, que desfila há anos pela Beija-Flor, veio com uma fantasia de "Deusa Soberana".
José
Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, ex-diretor geral da TV Globo,
homenageado no último carnaval da escola, também voltou a desfilar.
FONTE: GLOBELEZA 2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário